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Lydia Okumura (Osvaldo Cruz, São Paulo, 1948) inicia sua trajetória nos anos 1960, recém-saída do ensino médio. Em 1973, quando da sua primeira participação na Bienal Internacional, Okumura trabalhava em colaboração com Genilson Soares e Francisco Iñarra, formando o grupo Equipe3. Com uma metodologia experimental e colaborativa, os 3 artistas criavam instalações separadamente, mas sempre apresentando um diálogo entre elas no espaço expositivo. Este momento marca o início de um caminho caracterizado pelo uso de formas geométricas ampliadas no espaço, estética com a qual a artista continua experimentando até os dias de hoje. Lydia Okumura transferiu-se para Nova York em 1974, ingressando no Pratt Graphics Center, onde estabeleceu diálogo com artistas de diferentes países, ampliando suas referências e se aproximando de práticas conceituais como as de Sol Lewitt e Fred Sandback, fortemente marcadas pela desmaterialização e pela efemeridade. Na década seguinte, seus projetos se relacionam diretamente à arquitetura, em instalações de grandes dimensões nas quais planos de cor são pintados em cantos de parede e interligados por fios de barbante. Ela passa a explorar a utilização dos fios de forma cada vez mais complexa, criando ilusões de volumes geométricos e amplificando as relações e contradições entre realidade e imaginação.
Recentemente o trabalho de Okumura foi tema da extensa retrospectiva Situations, organizada pela University of Buffalo (Nova York), atualmente em itinerância por outros museus dos EUA. Nos últimos anos participou também de importantes exposições institucionais no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Galerie Thaddaeus Ropac (Londres), ZKM Center for Art and Media (Karlsruhe, Alemanha), Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto), Hall Foundation (Derneburg, Alemanha), MuBE (São Paulo), entre outras. Clique aqui para ver o CV completo da artista.
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foto: Ding Musa
“Eu nunca tento fazer de um espaço algo que ele não é, mas sim reafirmá-lo e expandir suas possibilidades”
— Lydia Okumura
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Três quadrados coloridos (1984)
Em 1984, 10 anos após se mudar para Nova York, Okumura foi convidada para fazer uma exposição individual de trabalhos inéditos no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). Com a reinauguração atrasada devido às recentes reformas feitas pela arquiteta Lina Bo Bardi, a artista teve apenas 30 dias para desenvolver todas as obras. Ao final do prazo, Lydia apresentou impressionantes 45 novas peças, muitas delas desenvolvidas com barras de ferro, arames de aço, painéis de madeira e outros elementos que estavam disponíveis durante a reforma do prédio. Três quadrados coloridos (1984) estava entre estas novas obras.
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The Appearance (1975)
The Appearance faz parte de uma série de instalações em que Okumura utiliza-se apenas de cordões elásticos e linhas de grafite desenhadas diretamente sobre as paredes, sem o auxílio de cores ou adição de novos volumes. Através deste gesto, discreto, porém ambicioso, a artista permite que o observador tenha um papel ainda maior de interação com a obra.
“As instalações que eu estava fazendo, na maior parte, foram baseadas em elementos da arquitetura dos próprios espaços expositivos. Eu construo estruturas virtuais, que atravessam paredes, teto e pisos, deslizando entre as duas e três dimensões. De certa forma, o tema do meu trabalho sempre foi o próprio espectador, que, andando dentro do espaço, passava a refletir sobre si mesmo, sobre o que ele vê” - Lydia Okumura.
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Para a 12ª Bienal Internacional de São Paulo (1973), a Equipe3 (grupo do qual Okumura fazia parte junto com Genilson Soares e Francisco Iñarra) propôs Pontos de Vista, um trabalho específico desenhado a partir do próprio espaço do Pavilhão. Trabalhando coletivamente a partir das inquietações de cada um, a premissa do grupo era que cada ação individual encontrasse uma reação, descrita por eles como “um jogo de mútua interferência”. Ao remodelar a aparência do espaço, a Equipe3 o transformou por completo, reforçando suas dimensões, barreiras e profundidade a partir de intervenções gráficas. Foi a partir desta experiência que Okumura começou a expandir seu próprio estilo de abstração geométrica e a se aprofundar em instalações específicas para espaços expositivos. Este conjunto de fotografias registra a parte da instalação desenvolvida por Lydia Okumura, onde já percebe-se seu interesse por quinas e cantos de parede.
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Different Dimensions of Reality II (1971)
A exposição Jovem Arte Contemporânea, realizada no Museu de Arte Contemporânea de Campinas em 1971, marcou um ponto de virada na carreira de Okumura. Ainda que sua prática continuasse conceitual, foi neste ano que ela começou pesquisar espaços físicos de maneira mais explícita, desafiando ativamente os espectadores a questionarem as percepções do mundo ao seu redor por meio de esculturas e instalações. Lydia desenvolveu três obras, Different Dimensions of Reality I, II e III, onde tons de cinza e a iluminação do próprio espaço atuam como marcações no espaço.
Diferente da OpArt, que faz o olho se mover pela obra de arte rapidamente, o processo de Okumura anima suas formas, permitindo que os espectadores tenham interações mais profundas e longevas com os trabalhos. Estas peças marcam para Okumura o início de uma linguagem visual abstrata baseada em linha, forma e espaço.
- Jovem Arte Contemporânea, Museu de Arte Contemporânea, Campinas. 1971
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EM DIÁLOGO:
JANDYRA WATERS – MARTHA ARAÚJO – Maria LeontinA
MARIA NOUJAIM
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Jandyra Waters
Sem título (1984)Pintora, escultora, gravadora e poeta, Jandyra Waters (Sertãozinho, 1921) residiu na Inglaterra entre 1945 e 1950. De volta à São Paulo, em 1950, estudou pintura com Yoshiya Takaoka e escultura e cerâmica com André Osze. Após aulas na Fundação Armando Álvares Penteado (São Paulo) com professores como Marcelo Grassmann, começou a participar de exposições coletivas, em 1956.
As telas apresentadas aqui, feitas nos anos 1970 e 80, evidenciam um retorno ao rigor geométrico e construtivo que guiou o movimento Neoconcreto brasileiro. No entanto, a visível inquietude formal e cromática também atestam a influência que a liberdade experimental dos anos 60 exerceu na produção da artista.
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Maria Leontina
Sem título, 1950'sPintora, gravadora e desenhista, o trabalho de Maria Leontina (São Paulo, 1917 - 1984) chega à abstração geométrica em meados dos anos 1950, com base na depuração dos elementos figurativos. Naturalmente, a artista é afetada pelo clima de discussão em torno da abstração vigente no Brasil, e por sua experiência no exterior, onde entra em contato com o movimento construtivo e a pintura abstrata européia. A fase “construtiva” de Maria Leontina, que dura até 1961, é considerada por diversos críticos como o momento de maior singularidade em sua carreira. Permanecendo à margem das vertentes construtivas brasileiras, a artista desenvolve uma peculiar “geometria sensível”, na qual a rigidez da linha e o rigor matemático da composição são substituídos por uma ordenação intuitiva e formas geométricas assimétricas.
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